Conferência de Economia Solidária em Corumbá/MS reúne representantes e reforça papel do OBCOOP/UFMS na construção de um futuro sustentável e coletivo

Postado por: UFMS

Em 23 de abril de 2025, a cidade de Corumbá/MS foi palco de uma das Conferências Municipais de Economia Solidária que aconteceram em Mato Grosso do Sul, e reuniu lideranças comunitárias, agricultores familiares, representantes de movimentos sociais, acadêmicos e gestores públicos para debater os rumos da economia solidária no estado. O encontro evidenciou a urgência de promover alternativas econômicas sustentáveis, baseadas na coletividade, justiça social e respeito ao meio ambiente.

A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) esteve presente com a participação ativa da equipe do Observatório da Economia Solidária (OBCOOP/UFMS), formada pelo coordenador Alessandro Arruda, pelos professores Leonardo Dresch e Luciane Carvalho, além do bolsista Guilherme Gonzaga de Andrade. A equipe contribuiu com análises técnicas, relatos de experiências e propostas para o fortalecimento das redes de economia solidária em todo o estado, além de apresentar o Observatório e os aplicativos Mercado Solidário e Obcoop Coleta.

A professora Luciane Silva teve papel de destaque durante a conferência. Integrante da comissão estadual da Conferência de Economia Solidária, sua atuação esteve alinhada à defesa dos princípios fundamentais do movimento, como a autogestão, a solidariedade e a valorização das especificidades territoriais. Sua participação reforçou a centralidade de práticas que priorizam os saberes locais, a sustentabilidade e formas coletivas de organização do trabalho. Também ficou evidenciado o papel estratégico da universidade na construção de políticas públicas mais justas e conectadas às realidades comunitárias.

O professor Leonardo Dresch e o acadêmico Guilherme Gonzaga atuaram de forma ativa no suporte técnico e logístico da conferência. Ambos colaboraram com o funcionamento das atividades, organização de materiais, sistematização das falas e apoio aos participantes, o que contribuiu para a fluidez das discussões e o registro dos encaminhamentos.

Durante a conferência, foi realizada uma Análise de Conjuntura e Balanço, que contextualizou os desafios enfrentados pelo movimento da economia solidária no Brasil. Destacou-se o impacto do desmonte institucional dos últimos anos, o avanço de práticas individualistas e a precarização das relações de trabalho via empreendedorismo isolado. A análise reforçou a importância da solidariedade, da autogestão e do apoio mútuo como pilares para a construção de alternativas sustentáveis.

Também foram debatidos os objetivos centrais da conferência, como o resgate das práticas coletivas, a valorização da produção local, a reorganização das comissões organizadoras e a articulação de estratégias para ampliar a representatividade nas etapas estadual e nacional do processo conferencial. As discussões trouxeram críticas contundentes ao modelo de desenvolvimento centrado no individualismo e apontaram os riscos da despolitização das decisões públicas e da escolha de gestores desalinhados com os interesses comunitários.

Práticas como bancos comunitários, fundos rotativos solidários e moedas sociais foram apresentadas como alternativas concretas, com exemplos inspiradores de autogestão em comunidades locais. Dinâmicas simbólicas — como a “troca de energia” entre os participantes — ajudaram a fortalecer o sentimento de pertencimento, empatia e união, reforçando o compromisso coletivo com a transformação social.

Foram definidos encaminhamentos estratégicos, incluindo a reestruturação das comissões organizadoras, a articulação com universidades, instituições religiosas e gestores públicos parceiros, além da mobilização para promover ações de base e fortalecer o comércio e a produção solidária nos territórios. A reunião reafirmou a disposição dos participantes em atuar de forma integrada, mesmo com recursos limitados, e valorizou a continuidade das experiências históricas da economia solidária em Corumbá e Ladário.

Professores Alessandro Arruda e Luciane Silva

Questões ambientais e sociais específicas da região pantaneira também foram centrais nas discussões. Os participantes relataram os impactos da expansão do agronegócio, incluindo a contaminação por agrotóxicos em áreas de agricultura familiar, a escassez de água, a degradação ambiental e a perda da biodiversidade. Diante desse cenário, surgiram propostas como a criação de uma Escola Agroecológica do Pantanal e de uma Universidade Federal do Pantanal, com o objetivo de fortalecer os vínculos da juventude com o território e promover formas de desenvolvimento sustentável adaptadas às especificidades locais.

A equipe do Obcoop/UFMS colaborou com elementos analíticos e estruturais que contribuíram para o aprofundamento dos debates e para a organização do evento, sendo reconhecida pela sua atuação integrada com comunidades e movimentos sociais. A conferência consolidou o papel do Observatório como agente de articulação entre a universidade, a sociedade civil e o poder público.

O evento encerrou com encaminhamentos voltados à preparação da próxima etapa do processo participativo — a Conferência Nacional — e reafirmou o compromisso coletivo com a promoção de um modelo de desenvolvimento baseado na justiça social, no respeito às diversidades culturais e ambientais e no fortalecimento das redes de economia solidária.

Texto: Arlindo Machado
Fotos: Alessandro Arruda e Leonardo Dresch